A NOITE ESCURA DO ESPÍRITO
Foi na noite escura do espírito
Que me despi com rigor e coragem
Do velho homem e de suas loucuras
Para então dar vida, de forma um tanto renovada,
A um novo homem: um ser que busca se libertar
Das algemas das tolas vaidades
E das aspirações sociais mais efêmeras.
Um getsemani existencial
E uma temporada de lágrimas e vazios
Que ecoaram no silêncio;
Um caminho entre vales profundos
E orações saindo do meu coração em prantos:
Eis o tempo em que consegui reconhecer
O verdadeiro valor fazendo morada no meu ser.
Só assim pude resplandecer
O fulgor do sentido de minha missão na terra
Como uma fugurante estrela
Despontando no escuro imenso do firmamento.
A maior vitória foi contra mim mesmo
Em prol da eternidade na alma
Que almeja reinar no foro mais íntimo
Do meu ser.
Foi nessa luta que aprendi a me esvaziar
Totalmente daquilo que antes
Era visto como claro e evidente.
Tal vitória é a conquista mais memorável
Do que pode profundamente nos dignificar,
Tal como o ouro incorruptível
Adornando os fundamentos da nova Jerusalém
E suas fortificações de justiça e amor inefável.
Somos, em nossa maior glória, um vaso de abalastro
Nas mãos de nosso oleiro e artífice misericordioso.
E nessa ânsia de infinito e eternidade
Sentimos os seus ecos
Desde o mais recôndito de nosso ser,
A fim de percebermos
De qual mão necessitamos
Que nos refaça parcimoniosamente e por inteiro.