Soneto
Atravesso a ponte e além da outra ponte
encontro o indecifrável e cru Mistério,
que ruge na poeira do horizonte,
num místico defloramento etéreo.
A direção não há um dedo que aponte,
e eu sinto na estrada o refrigério
de um rio a pipocar a linda Fonte,
que anuncia a luz de um novo hemisfério.
Eu sugo o cântaro da noite insana.
Dentro de mim confluem rios de estrelas,
precipitando-se na soberana
Foz em luz maior. Tento em vão retê-las,
mas, em minha frágil armadura humana,
elas me arrastam e, nu, fico a bebê-las.