Bole dentro
Borboleta, que aflita, nesse meio some
Com suas asas a brilhar o bicho homem
O seu corpo tem a cor do arco-íris,
E na íris uma cor que me consome...
De verde fez da esperança
mata alheia
De azul o céu, negro chão onde piso
Amarelo é o ouro que não tenho
E seco é o medo que me aflige...
De preto vi seu corpo luzindo
E a beleza está indo ao chão de cinzas
Como as cinzas que me aplaudem agora dentro
Do frasco que a mim já contraíra
Uma febre que me voa qual traíra
Nesse rio a correr as águas turvas
Desassossego de quem,
borboleta,
Quente e frio como a chuva
Inundou minhas asas
Arrastando o que a cinza me bole por dentro
E preso a céu aberto
É tudo o que certo me parece centro...