Bole dentro

Borboleta, que aflita, nesse meio some

Com suas asas a brilhar o bicho homem

O seu corpo tem a cor do arco-íris,

E na íris uma cor que me consome...

De verde fez da esperança

mata alheia

De azul o céu, negro chão onde piso

Amarelo é o ouro que não tenho

E seco é o medo que me aflige...

De preto vi seu corpo luzindo

E a beleza está indo ao chão de cinzas

Como as cinzas que me aplaudem agora dentro

Do frasco que a mim já contraíra

Uma febre que me voa qual traíra

Nesse rio a correr as águas turvas

Desassossego de quem,

borboleta,

Quente e frio como a chuva

Inundou minhas asas

Arrastando o que a cinza me bole por dentro

E preso a céu aberto

É tudo o que certo me parece centro...

Vera Mascarenhas
Enviado por Vera Mascarenhas em 28/06/2022
Reeditado em 28/06/2022
Código do texto: T7548161
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