LAMPIÃO E O CÃO

Osvaldo Abreu (Abreu )

Aracaju, 9 de junho de 2022

 

Aquela manhã foi de desgosto,

Muito barulho e tiros,

O chumbo foi bem grosso.

Desespero, latidos e gritos.

Na agonia, perdi o meu osso

Grande foi o conflito.

 

A volante matou o meu dono,

Chamada chacina de Angico.

Fiquei à toa, em abandono.

No olho da rua sem abrigo.

Fiquei a viver tão tristonho,

Meu dono era também fiel amigo.

 

Corri muito pelas caatingas,

Fugindo do força policial,

Nas madrugadas, ouvia cantigas

De passarinhos e piar de pardal.

Os cangaceiros bebiam cachaça, pinga.

A qualquer instante a morte era fatal.

 

A vida era bem agoniada,

Não dormiam na tranquilidade,

Viajavam tão cedo, na madrugada.

Percorriam povoados e cidades,

Cangaceiros sempre na estrada.

Muito lamento, sonho de felicidade.

 

Foi embora eternamente Lampião,

Morreu em tiros certeiros.

Vi cangaceiros mortos no chão.

Sorte! Sobrevivi ao tiroteiro,

Sou Guarani de Lampião o cão.

Nasci pra ser cão cangaceiro.

Osvaldo Abreu
Enviado por Raul Meneleu em 12/06/2022
Reeditado em 12/06/2022
Código do texto: T7536156
Classificação de conteúdo: seguro