Contemplação
Aqui, nesse jardim
Onde eu me sento,
Não há espaço para os apegos.
Um dia flor, perfume, cor,
No outro, dor, miolo, chão,
Semente.
Um dia canto, voo, liberdade,
No outro, apenas
As penas pelo chão,
Corpo vazio de ave.
O sol nasce e se põe, todos os dias,
Mas nem isso é verdadeiro,
Pura ilusão, estarmos parados
Ou nos movermos.
Não há razão para a saudade,
Pois nada morre,
E nada nasce,
Tudo é passagem.
Eu penso ver todas as coisas,
Mas há mil coisas
Que eu nem enxergo
Ou imagino
Que esteja lá (mas onde é Lá?)
Esse jardim
Onde eu me sento,
Onde contemplo,
É como um templo
Que desafia
O próprio tempo...
(Que nem existe).