Noite Branca

Não era apenas uma noite branca.

Era uma luz confusa direcionando a Lua.

E ela, enamorada do infinito,

pensava a vida como se folheasse um livro.

Tudo dentro da margem.

Tudo em monólogos curtos.

Amou além do que seria lenda.

Supriu o corpo saciando-se do hermético.

Fez mais que uma viagem.

Fez um passeio de postal.

Selado, sem remetente,

sem contorno, sem confidente.

Ela não se deteve nos penhascos.

Nem ficou a ouvir notícias.

Buscou nas letras o que era sina,

descobriu que o fato não lhe cabia.

E viu-se em folhetins nem manuseados.

Pintura tosca, olhos marejados.

Sorriu de si mesma, sem medo do ridículo.

E a noite branca, em sons de guizos,

mostrou-lhe os dentes.

Dentes alvos, como lírios...

Fechou a prosa, desfez a cama.

Enroscou-se nua na nuvem gélida

E iluminou-se, inteira, daquela luz confusa.