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Aos céus,

Feito floco de neve

 

De seus olhos cada vez mais distantes

Secando-se e arregalados

Por certo, últimas gotas de pranto, caindo

Enfileirando-se, perfazendo flocos salsos

Todas, uma após as outras descendo

....iludindo, enternecendo suas dores.

 

Seus curtos passos, leves, mas cansados 

Abreviando-se em sofrimentos

Sem o poder de marcar, nem mais riscar chão

No máximo, raras folhas secas sem rumo

Esvoaçam-se, se tocam e se erguem

Pulando no ar, umas poucas, à grudarem seus pés!

 

Sabe-se lá... vai se saber, se nessa sua

Adustiva e longa jornada

Quantas brumas lhe umedecera

Antes, mente e coração

Arrefecendo-o, por júbilo seu

Com doces e lúdicas ilusões

Pra que permanecesse voando

...vagando, sua clemente alma!

 

Até que enfim...!

Nesse exato momento, fim de agonias

Uma camada, feita como de glacê

De uma neve, branda e rara

Lhe ponteia, tangendo-o, de cima abaixo

Como banquete sagrado o oferece

Prestes a ser arrebatado, branquinho

...branquinho, ascendendo até o céu!

EFLÚVIO DE ARREBOL
Enviado por EFLÚVIO DE ARREBOL em 18/05/2022
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