PARA ALÉM DO HORIZONTE...
E os olhos alongaram-se em busca
daquele horizonte e foram além
da intenção de entrever respostas,
foram ainda mais longe das verdades imediatas...
quiseram mais, quiseram a paz das tardes mornas
e dos recantos dos jardins !
quiseram tocar a prometida alvura
dos brancos retalhos da alma
nas verdades que não podem ser reveladas
sem que se despetalem as flores,
sem que os corpos se façam cinzas.
Quiseram tocar a maciez dos sonhos
mais caros,
aqueles que escapam à simples compreensão
humana.
Os olhos em vigília alongados sobre tua presença
sonharam perfumes e cores raros
verteram lágirmas, brilharam na escuridão das noites
insones
e se fizeram estrelas, as mais cintilantes,
só pra ver mais longe
dentro de tua alma.
Mas o humano desejo morre na incoerência
de querer alcançar o infinito em um amor
que por ser finito e tão fugaz
e de tantas fragilidades construído,
nada mais pode oferecer do que raros
momentos de uma felicidade que não
nos pertence por inteiro,
que bebemos com a avidez de bocas secas,
que agarramos com mãos em desepero
e que nos é emprestada de um deus avaro
que, de vez em quando, contempla e se apieda
dessa grande solidão dos homens !