Os Verbos (Só)

A minha vida não tem mais coisas,

Já não me seguem mais a efemeridade

Nem a eternidade,

Já só existo e deixo existir.

Já só em existir me eternizo.

Já não me seguem a dispersão

E a unidade,

Já só espalho o meu viver,

Já só de viver me faço em todos os verbos,

Unir.

A minha vida não tem mais coisas,

E no estudo de coisa nenhuma

Eu pauto os meus verbos.

De felicidade não conheço o conceito,

De tristeza desconheço a verdade.

De ser feliz me faço em sentir,

O direito,

De tristeza me faço em chorar,

A sinceridade.

A minha vida não tem mais coisas,

E do pensamento não penso na natureza,

E no conhecimento não procuro

Nada além de conhecer.

Já só no pensar conheço do

Coração a destreza,

Já só no que conheço penso

O natural das coisas, ser.

A minha vida não tem mais coisas,

E aos meus verbos só agrego

As qualidades que das coisas são conjugadas.

E das palavras todas só uso o que

Delas é em ação, o agir,

Das coisas o existir, começo e fim

De todas as suas estradas.

A minha vida não tem mais coisas,

De sentimento eu só sinto,

De tristeza eu só choro,

De felicidade eu só sou.

Só de coração eu pressinto,

Só de conhecer eu me reformo,

Na ação, só no agir estou.