A Visão

Eu fechei os meus olhos, e com os meus olhos fechados

Eu vou fechada para qualquer visão.

Fechei os meus olhos e para os olhos abertos a me observar

Eu sou um mundo em distração, um silêncio tropeçado,

Um nó displicente de desejo no nada da cegueira sempre atado.

Eu fechei os meus olhos pra poder fazer de mim

O que há por dentro visão,

Fechada para a cegueira do mundo em distração,

Fecho os meus olhos para os desejos displicentes dos olhos abertos

No que veem tropeçados, fechei os meus olhos

Para os olhares em nó de cegueira não ver atados.

Guarda-me silêncio de nada ver,

Revela-me visão de ninguém escutar,

Canta-me no escuro a luz de coisa alguma ter,

Dança-me no desconhecer o alívio de por nada me guiar.

Porque eu fechei os meus olhos

E pra tudo o que os olhos abertos podem ver

O coração não abre guarda,

Porque de olhos fechados o escuro do possível

É a possibilidade para que o improvável arda,

E de olhos fechados, no alto da incerteza,

Não há espaço para duvidar,

De olhos fechados nada atrapalha minha visão,

E no que não se vê está sempre a certeza a chamar.

Porque no fechar dos olhos vem o coração de toda a visão ser a guarda,

E a luz da possibilidade que não se vê

É o escuro se fazendo para que o impossível arda,

E no espaço da incerteza não fala alto a visão a duvidar,

De olhos fechados nada atrapalha a certeza de não ver,

E a visão está sempre a chamar.

Guarda-me, revela-me, no alto da incerteza,

De olhos fechados,

Renda-me em coração o andar no escuro para que eu veja.