O Tempo

Todos os dias eu vejo...a minha vida inteira:

Começo e meio de tudo o que em mim é vida.

Os ciclos das eras são um dia meu em suas horas,

A herança milenar das estrelas é rotação

De cada um dos meus instantes.

E todos os dias eu vejo...a minha vida inteira,

Em suas idades arquitetadas sem tempo:

Na noite vem aurora a se apresentar,

Na aurora vem dia quente já a se movimentar,

Na tarde de se aquietar,

A noite de nascer e morrer a chamar.

Num exercício de existir, todos os dias eu vejo...

A minha existência sendo e precedendo a arte de ser,

Sendo em seu existir a arte de seguir e de prever,

Girando em sua própria roda o recomeçar de suas luzes,

Seus próprios dias.

Todos os dias eu vejo...a minha vida inteira.

Os meus dias não são dias,

Não começam, não terminam,

São recomeço de vida inteira em mim,

Os ciclos das minhas estrelas quietas me chamam

Em seu estampado em céu da minha aurora

A descansar nas horas do meu dia alto,

Porque no meu ver de vida inteira,

É na noite minha em seus e meus

Esconder e prometer de luzes

Que todas as manhãs estão em seu exercício de existir,

Eu, sendo e precedendo o meu existir,

No que tempo se retoma em tempo,

Eu em morrer e nascer de minhas próprias luzes,

Em minha roda, eu, na minha vida inteira,

Os meus próprios dias.