A DIÁSPORA DA VIDA
“Réplica a José Félix”
Se procurarmos, no interior das coisas,
Tudo aquilo que elas têm de singular
Veremos não só o mal, como o próprio bem
E, mais que o bem, o gozo do seu brilhar!
A Vida, em si, é um eterno caminhar
Por curtas ou por longuíssimas veredas
Há sempre tempo de algo se revelar
Se procurarmos, no interior das coisas.
As coisas são como são, ao serem vistas,
Mas sabemos bem que a luz pode minguar
E nem sempre se vê pelas perspectivas
Tudo aquilo que elas têm de singular.
Na diáspora da Vida é o tempo qu´ ordena,
Pra aqui ficar ou para ir mais além,
E p´ la impávida sorte, cena atrás de cena,
Veremos não só o mal, como o próprio bem.
Livremo-nos, porém, das estranhas musas
Cujo corpo se revela p´ lo seu arfar,
Levando-nos à cegueira do bem das coisas
E, mais que o bem, o gozo do seu brilhar.
De que vale a resiliência do ser da Vida
Se a Diáspora que nos toca é perniciosa?
Afastemo-nos dos maus trilhos e descida
Aos infernos fatais da Via Dolorosa…
A Diáspora humana no seu destino
É o fenómeno primacial do humano ser
Qualquer que seja o sentido peregrino
Do tempo e do espaço que acontecer.
Deixemo-nos de rezas e lamentações,
Chegou a hora de pôr os pés na terra;
Há que rasgar a máscara das emoções
E lutar em campo aberto contra a guerra!
Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA