EU VEJO HOMENS

Dedicado aos homens e aos homens.

“Elias era homem sujeito às MESMAS PAIXÕES que nós e, orando, pediu que não chovesse e, por três anos e seis meses, não choveu sobre a terra. E orou outra vez, e o céu deu chuva, e a terra produziu o seu fruto.”

São Tiago 5:17 e 18

Eu vejo homens.

Eu vejo homens que se corromperam

Que corroeram suas próprias consciências

Por quererem um valor que só dura

Enquanto durar sua vitalidade

Por quererem um brilho que só dura

Enquanto durar esta realidade.

Eu vejo homens que se perderam

No caminho de suas próprias ambições

Que tropeçaram em sua solicitude

Que caíram sem poder se levantar

No pântano apodrecido de suas putrefatas virtudes.

Eu vejo homens cegos

No clamor de sua voracidade

Glaucomatosos pelo brilho efêmero do poder

Que se renderam ao deus-metal-ouro

E que imolam suas vontades

No altar do sacrifício voluntário

Sem se dar conta que este holocausto

Torpedeia com cem mil megatons

Cadaverizando seu caráter e a sua personalidade.

Eu vejo homens.

Eu vejo homens nus

Desgraçadamente nus

Nômades de um paraíso perdido

Errantes atônitos de seus conseqüentes atos

Onde nem a figueira, nem qualquer eira nem beira

Pôde cobrir suas pudentes vergonhas

Eu vejo homens perfidamente travestidos

Falsificando-se entre farrapos de justiça

Discursando com máscaras decoradas

Suas elegíadas de palavras hipnóticas

Que marcam na carne de sua grei

Suas tatuagens de possessão interminável

Onde cegos guiando outros cegos

Caminham trôpegos lentamente

Rumo ao abissal insondável.

Eu vejo homens

Que se dizem serem donos da liberdade

E a mantêm aprisionada em suas gaiolas de prata

E que negam a outros homens

O direito de voar

Homens intransigentes

Que podam asas indiferentes

E as substituem por balões de gás

Que matam sonhos de homens

Assassinos subjetivos

Impondo cruelmente aos seus semelhantes

O desejo vicário de não poder desejar

Nem de homem poder ser

Nem em homem poder estar.

Eu vejo homens mudos.

Eu vejo homens prisioneiros do silêncio

Altissonantes réus de uma jaula invisível

Situada entre paredes de omissão

Totalmente encurralados pela razão

Sem terem coragem para falar

Vejo a covardia recompensada

Em trinta moedas de prata

Mas também vejo a corda no pescoço

Destes homens-Iscariotes

Que ao dispararem o gatilho

Da roleta-russa dessa sorte

Tem seu destino explodindo pela culatra

Vêem seus intentos esculpidos pelo medo

Vêem suas vidas se escoando

Por entre o vão dos dedos.

Eu vejo homens.

Mas não gostaria de tê-los visto.

Eu vejo um homem.

Mas não gostaria de tê-lo sido.

Eu vejo homens

E vejo neles um espelhado reflexo

Que a todos os homens pertence

Bastando apenas ser homem

Para que esta imagem se manifeste

Todo homem novamente

Perpetua-se em outros homens

O ser homem sem ser símile

Mas ser homem incontinente.

23 de janeiro de 2008 17:25hs

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Selton A Jhonn s
Enviado por Selton A Jhonn s em 15/03/2022
Reeditado em 09/06/2022
Código do texto: T7473583
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