O Jogo
Faz tempo entendi o teatro,
encenações deprimentes.
Mostraram de fato, em sentido estrito e lato,
o combustível que move a gente -
madeira de lei,
tudo que sei e não sei,
poesias e suas entrelinhas,
entre os versos.
Entre nós e o poço;
Entre os ossos e os restos;
Entre o 'ter' e o 'tinha';
Entre o 'sim' e o 'não posso';
Entre o 'devo' e o 'não nego';
Antever o processo e o decesso -
entretêm a nós com mentira.
No trilho onde se caminha,
onde os pés nao encaixam,
onde não serve o que acho,
e em meu saber nada presta -
a desgraça é expressa.
Mas um dia eu escapo
antes que a flecha atravesse
meu peito,
inabalável,
mas sensível ao projétil.
O arroubo antecede ao fogo -
vice-versa?
Antes, o que for mais mortal
do que a banalidade do jogo -
tiro na testa.
E talvez haja alma
ou outra forma de vida.
Como saber (?)
se quem já foi não elucida.
Entre o voo e a queda,
entre o 'vou' e o 'fico',
saberei menos do que eu não soube.
Entrarei sem notar
se o elevador desce ou sobe?
*21/8/21 - 20:45h*