Eu sou torta.
Oblíqua.
Há uma ladeira dentro de mim...
E, fim dela onde vai dar?
Nem sei.

 

Eu sou torta.
Noventa graus são inalcançáveis...
Retidão?
Tenho a virtude de não ter virtudes pré-fabricadas.
Nem o senso de dever.

Exatidão?

 

Nesse mundo líquido?
Como se pode ser?
Tenho tendências.
Tenho inclinações latentes.
Sejam conscientes ou não.

 

Tenho medo dos cartesianos.
Pensam e agem sempre da mesma forma.
São reprises prontas e incontestáveis.

Tenho medo de certezas.
Pois, a dúvida é mãe do pensamento.
E madrinha da reflexão.

 

Sou confessadamente oblíqua.
Por vezes, nem sei que ângulos pratico.
Por vezes, nada faz sentido.
Meu olhar de soslaio 
É técnico.

 

Minha intuição é afiada feito navalha.

E, o corta o tempo e o espaço.
Corta o cenário em fótons.

Não quero endireitar-me.
Não que ser pitagórica.
Não quero triângulos retângulos.
Não quero medidas somadas.

 

A natureza matemática 
fez de mim um cálculo estrutural.
E, erra nos algoritmos.

Não adianta aviar receitas de bolo.
Pois, o objetivo final,
ainda estar por vir...


E, eu prossigo na inclinação
exata de minha humanidade.

Abstrata e desmedida.
 

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 20/02/2022
Código do texto: T7456538
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