O manto do sábio
Essa farpela que lhe cobre
É algodão puído, não é nobre,
É roupa de pobre, sem beleza,
Amostra visual da aspereza.
Tome-se, contudo, sua essência,
Sem medir pela aparência,
Lá está toda a delicadeza,
Reconfigura-se a grandeza,
Pois sua riqueza é justamente
A trama cerzida simplesmente,
A malha firme na certeza
De que a forma é tão-somente
Distração eficaz e eloquente:
A total ausência de nobreza.