Concerto para dois violinos

choro pianíssimo e carregado

na atmosfera crua e vazia

onde a névoa se dissipara

e dois violinos surgiam sós

na planície húmida e enfeitada

essência de uma vida presente

cânticos suaves nus e idolatrados

sons agudos e espirais sem fim

graves prelúdios de pouco sol

subjugados pela madrugada

agora transparente e muito clara

acima do meu horizonte tangente

como pássaro prodígio sem dono

sobrevoei a minha mente clara

em voos serenos curtos e rasantes

açoitado por notas de cristal

a atmosfera movia as entranhas

e os auspícios do sagrado latente

zelo e luz em alegria dormente

na gávea do meu mastro sagrado

atento às gaivotas roucas e de prata

que salpicavam o mar à minha volta

escutei outra vez o som dos violinos

que me puxava para dentro de mim

em notas de mel e fel como naus

vazias e confinadas ao doce infinito

refletiam o nascer de muitas vidas

dedicadas ao brilho de uma lua acesa

ia começar a festa de mais um dia

candeia da minha alma segura e coesa

Mongiardim Saraiva
Enviado por Mongiardim Saraiva em 03/02/2022
Reeditado em 10/02/2022
Código do texto: T7444090
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