Concerto para dois violinos
choro pianíssimo e carregado
na atmosfera crua e vazia
onde a névoa se dissipara
e dois violinos surgiam sós
na planície húmida e enfeitada
essência de uma vida presente
cânticos suaves nus e idolatrados
sons agudos e espirais sem fim
graves prelúdios de pouco sol
subjugados pela madrugada
agora transparente e muito clara
acima do meu horizonte tangente
como pássaro prodígio sem dono
sobrevoei a minha mente clara
em voos serenos curtos e rasantes
açoitado por notas de cristal
a atmosfera movia as entranhas
e os auspícios do sagrado latente
zelo e luz em alegria dormente
na gávea do meu mastro sagrado
atento às gaivotas roucas e de prata
que salpicavam o mar à minha volta
escutei outra vez o som dos violinos
que me puxava para dentro de mim
em notas de mel e fel como naus
vazias e confinadas ao doce infinito
refletiam o nascer de muitas vidas
dedicadas ao brilho de uma lua acesa
ia começar a festa de mais um dia
candeia da minha alma segura e coesa