Caranguejo/cabra

Dança, rasteja, move

Movediça

Areia que enterra o passado

E firma o presente

A cabra sobe, não desce

Testemunha o que surge agora

Se emenda no que rasga a pele

Fria e seca.

Não move, fixa

Correntes de águas e lamaçal me cobrem a me inundar

Pareço presa em uma visão onírica

Os que sorriem para minha imagem

Deitam e declinam a minha lembrança

De eras... heranças

Carrego marcas mascaradas revestidas de ilusão

Tortos passos que caminham na direção

Contrária...

Arbitrária

Mutável, dobrável

Retor... navel

Tanto entorno

Torna a se formar

Partículas de memórias latentes

Passado, futuro, ou presente?

Transitar

Em que filosofia me vi no devir?

Devo me lembrar

Das tantas esferas, outonos

Primas, velas

Sagrado consumando

Magias vão guiando em viagens num astral

O mundo viu?

Não conta!

foi real

Dose de amor

Doses de dor

Dói as feridas, tantas, tantas vidas

Vindas de tantos andares

Me vi morrer

Renascer

Para que?

Eis que traço, marco, pinto, brinco

E minto

E sinto

Lanço-me nas projeções

Sou tantas! Multidões

Ou nada em estações

Para à flor bela me alertar

Espere: sente aqui

Escute: vá por mim

Não há nada a lhe parar.

"Sou talvez a visão que alguém sonhou, alguém que veio ao mundo para me ver e nunca na vida me encontrou". (Florbela Espanca)

Bruna S S E
Enviado por Bruna S S E em 11/01/2022
Código do texto: T7426752
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