Caranguejo/cabra
Dança, rasteja, move
Movediça
Areia que enterra o passado
E firma o presente
A cabra sobe, não desce
Testemunha o que surge agora
Se emenda no que rasga a pele
Fria e seca.
Não move, fixa
Correntes de águas e lamaçal me cobrem a me inundar
Pareço presa em uma visão onírica
Os que sorriem para minha imagem
Deitam e declinam a minha lembrança
De eras... heranças
Carrego marcas mascaradas revestidas de ilusão
Tortos passos que caminham na direção
Contrária...
Arbitrária
Mutável, dobrável
Retor... navel
Tanto entorno
Torna a se formar
Partículas de memórias latentes
Passado, futuro, ou presente?
Transitar
Em que filosofia me vi no devir?
Devo me lembrar
Das tantas esferas, outonos
Primas, velas
Sagrado consumando
Magias vão guiando em viagens num astral
O mundo viu?
Não conta!
foi real
Dose de amor
Doses de dor
Dói as feridas, tantas, tantas vidas
Vindas de tantos andares
Me vi morrer
Renascer
Para que?
Eis que traço, marco, pinto, brinco
E minto
E sinto
Lanço-me nas projeções
Sou tantas! Multidões
Ou nada em estações
Para à flor bela me alertar
Espere: sente aqui
Escute: vá por mim
Não há nada a lhe parar.
"Sou talvez a visão que alguém sonhou, alguém que veio ao mundo para me ver e nunca na vida me encontrou". (Florbela Espanca)