Tudo é tão passadiço.
Tudo é transitório e tão célere.
A pujança nos açoda.
Quando estamos ainda processando ideias.

 

Vem cenas, símbolos e gestos.
Vem a mímica da semântica.
Vem a fonética dos sentimentos.
Vem a caligrafia suja dos pecados.

 

Tudo é tão passadiço.
Entre o hoje e o ontem.
Entre o hoje e o futuro.
Futuro projetado por reticências.
Arquitetados por paradoxos.
E respostas inconscientes.
De assentimento.
De rejeição.
De recalque.

 

Tudo é tão pouco 
diante da imensidão do abismo,
diante da profundidade do silêncio,
diante do mar de suas lágrimas 
e a tormenta de seus medos.

 

Olhei em seus olhos.
A transitoriedade da vida.
A complexidade banal cotidiana.
E, suspirei aliviada.
Pois não precisamos entender tudo.

 

Afinal, tudo é tão passadiço.

Todos nós somos cortiços
provisórios de nós mesmos.


 

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 01/01/2022
Reeditado em 02/01/2022
Código do texto: T7419959
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