Declínio

Olho para o céu plastificado

Com seus resíduos coloridos, derretidos

Caindo no rosto das crianças ho'oponoponas

E no daqueles profetizados a permanecerem baixos

Na caixa escura em preto e branco ouço uma voz implorando

''Me deixa entrar''

Em cada barulho metálico escuto um novo sussurro

Pela janela outra gritando em forma de aviso

''Eu sou melhor que todo mundo''

O eco desesperado perseguia o carro que atropela a mente dos ouvintes

Do coro dos cachorros

Todos os raios lançados em corpos sapecados

Todos os raios lançados em corpos só pecados

Não clamo mais

Por nomes errados

Me tornei o arcano nunca estudado

Estou além da melancolia

Estou além da sanguínea

Estou além do colérico

Estou além do fleumático

Meu tronco cortado agora tem cabos

As veias em meus braços esguicham óleo raro

Que alimenta todos com cuidado

Até mesmo os coitados

De dor confortável

De felicidade insana

Degustam a minha carne

Degustam a minha alma

Aura Ágape
Enviado por Aura Ágape em 13/12/2021
Código do texto: T7406519
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