primeira pessoa
PRIMEIRA PESSOA
Livre como os cavalos nos desfiladeiros, selvagem
tece teias como as aranhas apanhando suas presas
arremete-se por estradas poeirentas
acaricia os pássaros em voo.
Sua solidão não se rompe
nada muda na paisagem de seus olhos
morta de um cansaço em outro além de tudo
a morte anuncia-se em lampejos de luzes tremeluzentes.
As cadeias em círculos concêntricos
nunca saiu de onde nasceu
como árvores amarelecidas pelo tempo
as palavras embotam-se
os objetos permanecem
as ruas escondem mentiras
sua sensibilidade controla o empobrecimento da verdade
mente a todo o momento.
Prisioneira em seu túmulo confortável e triste
prisioneira seus laços cadeias elos sem fim e alegria
ousa e recua em táticas desconexas
apenas vai sendo carregada pelo vento em seu rosto.
Seu luto esvai-se em pérolas jogadas aos porcos
seu nome parece não ter significado
sua imagem, nos reflexos das janelas, é lastimável
em solitário abandono dentro de si mesma.
Meus dedos doem
minhas mãos finalmente se acalmam.
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