HISTÓRIA ETERNA
Conte uma história com a pureza límpida de um cristal transparente
Que parece ter sido lavado na mais pura água desse mundo
Conte as histórias mais etéreas almejadas pelo meu coração pendente
Pulsante, que derrama romance, que sofre por tudo, sem que cesse seu bater profundo
Meu coração pende e balança no normal desse mundo, eu não me sinto anexada corretamente
Mas não tem problema
Cante uma canção com uma harpa, um violino
Para que como dançarina, eu mexa meus cabelos e meus vestidos
Me leve para onde nada posso tocar, para a transcendência, para os mundos mais puros que habitam meu ser
E na efemeridade eu seja acordada e não destruída, e meus sentimentos, passe a ver
Para que eu seja como um prisma
Ciente das minhas cores
Nessa imensidão transparente de cores leves, um verde musgo
Meus sentimentos mais dolorosamente profundos, do cerne
E então você pergunta o que quero, o que busco
Eu busco alguém que me leve ao mundo onde esse sentimento não se perde
Amontoado de emoções quebradas em mosaico transparente, verde, multicolorido
Se me fizer mal fugirei dela, dando a ela sumiço
Meu mundo interior é um vitral transparente, onde eu observo gotículas de chuva
Onde o vento não para e uiva violentamente, como em tempestade
Onde eu sou livre e eu posso passar por todas as confusões, as ranhuras
E apenas o meu não-físico existe, esse corpo de carne de nada me impede
De ser facilmente ferida não me aborrece
E se fosse pura, nunca me atormentaria
Se eu atravessasse a cerne tediosa desse mundo humano
Para o sobrenatural, para o intangível e duradouro
Eu viveria o que vivo desejando?
A transcendência, longe do cansaço humano, do tédio temprano?
Longe da pele sensível, sendo capaz de trespassar por tudo
Em um corpo que o tempo não danifica
Que diante da vida não se petrifica
Onde não há pensamento mal, não há mácula?
Onde eu esteja ligada apenas ao póstumo, a matriz exata da minha vida?
Não mais viva, mas agora uma alma, esperando uma cláusula?
E julgados serão todos, esperando a eternidade
Eu voltarei para lá, para o póstumo, para além daqui
Tilintando, tilintando, o bater da chuva nos vitrais, batendo nas catedrais
Seja porque são apenas lindas ou porque me representam algo a mais
Prateados castiçais, pinturas, cristais e coisas assim me fascinam
Talvez me simbolizem um mundo onde pessoas não agonizam
E a felicidade e satisfação absolutas são bem mais reais
Mais fortes, mais concretas?
Que uma tempestade atravesse o meu ser, que eu sinta a chuva dentro de mim
Isso eu idealizo, ser parte com a natureza, ou com algo sublime, que me supre
Que não me deixe perder minha essência, meu coração que não é carnal, carmesim
Mas sim parte de algo eterno, vivo, que respira para sempre
Onde o vento não para e uiva violentamente, como em tempestade
Onde a carne não existe e existe extrema beleza externa
Mundo que não pode ser deteriorado, beleza da castidade
Conte-me uma história eterna