Cruz e espada ou Me livro
Livrai-me, ou me livro!
(De todo mal, amém)
Pela cruz,
ou pela asa da página.
N'água benta,
ou no corte da palavra.
Eu me livro
É no desfecho de um capítulo,
No entardecer de um verso.
Tu me livras
É no conselho de um versículo,
Quando carne faz-se verbo.
Me abençoas, divindade
E eu me leio
Como um livro de mim
Como eu livre de mim
Me escrevo,
me bebo,
me trago.
Trago eu de bandeija,
eu em bom volume,
eu em queda livre,
eu do medo impune.
Quando anjos me doam asas
Tecidas nas rendas de eternas aspas
Livram-me de todo o mal.
Ave-poesia! Tão incasta, mas celestial!