Embarcadero
O fluente murmúrio do mar
Atrai meus rumos com seus gemidos
Ecoam ondas em rugidos
Na imensidão da marinha de cama.
A força do mar se derrama
Pelos corais e suas barreiras
Em sonho, o atol vira chama
E um encanto marinho me toma
Faz com que eu volte no tempo.
Sou o mofo de sal das galés
Num perdido embarcadero
Descalça sobre o convés
Quis ser peixe, na liberdade
Ser areia que queima e arde
Ser búzio da Guiné.
E no limiar desta fronteira
Rota de fuga, sonho e saudade
A noite desaba em mim
Fazendo a minha vontade
E viro concha.