A ancestralidade que a cuia transvê
Belém, 26 de setembro de 2021.
Quando soou o trovão
Escondi-me na cama assustado
- É o Deus ralhando.
Avisou minha mãe catequisada.
Mas quem é o Trovão?
E quem é você nessa história?
Se Tupã é quem retumba no céu
Divindade ancestral acordou
Trovejou em mim
Os caciques nheengaíbas
Levantem a cuia em honra
Aos que não se renderam
A Mãe Terra aconselha
Pachamama acarinha
Mas a mãezinha pune
Pelo bem de suas crianças
Quem vai desdenhar da Palavra?
Quando o choro inundar seus pés?
Se a Deusa é quem nos cria
Quem vai desrespeitar a Mãe?
Abaixei a cabeça
Não pra olhar uma tela
Abaixei em oração
Sou apenas cuí desse mundo
O Trovão conversou
Com a Terra sobre nós
Relampeou bem forte
Parecia um beijo de acordo
A chuva me abençoou!
A chuva me abençoou!