AS LENDAS REFORÇAM A HISTÓRIA
“A propósito de São Boaventura”
Uma certa criança de nome João,
No interior da Itália, perto de Viterbo,
Foi atingida por doença, sem remissão,
E os pais levaram-no ao Santo Poverello.
Chegou bastante fraco a Assis, quase morrendo
Mas, à vista e ao toque do Santo tomou cura.
O Santo Poverello, feliz, tocou-lhe, dizendo:
- “Bambino, doravante terás buona ventura”.
Assim aquele João, quando para a Ordem entrou,
Passou a usar o nome de frei Boaventura
E em toda a sua vida, por belos feitos, brilhou
Nos variados aspectos da fé, da ciência e da cultura…
E tão alto chegou a sua fama que o Pontífice
Consagrando-o de bispo, cardeal e doutor
Decidiu enviar-lhe o chapéu cardinalício
Para o Convento e com um voto de louvor.
O nosso Boaventura vestia-se de humildade,
Cumprindo c´ os irmãos as tarefas conventuais
Do dia a dia, e co´ a máxima fraternidade
Nunca faltava aos seus compromissos habituais.
- Ó Frei, estão na portaria os Delegados
Que vêm de Roma, da parte do nosso Santo Padre,
Para lhe impor as insígnias dos consagrados,
Como seja o Chapéu, diferente do capuz de frade…
- Como vedes eu estou na hora da limpeza
E compete-me lavar a louça do almoço,
Se quiserem esperar, tudo bem, com certeza,
E nem pensem fazer disso grande alvoroço…
Enquanto assim falava entram pela cozinha
Os excelsos Delegados, cada um com seu mantéu…
- Olá, Reverendos, nesta hora não me convinha,
Mas já que cá estão, pendurem ali o meu chapéu!
Com estranheza e espanto, os altos Dignitários
Fizeram sua vénia e acederam com celeridade.
- Não estranheis, irmãos, estes hábitos usuários.
Bem hajam p´ la gentileza e seja por caridade!
Era assim este nosso Boaventura, Frei,
Cheio de talentos, sem esquecer a Fraternidade,
Repleto de virtudes, mas temente à Divina Lei,
Como egrégio paladino de rara Santidade.
Santidade esta que, na Igreja, teve impacto
Contribuindo com seus doutos conhecimentos
Que, num Concílio, deram oportuno brado
Pela brilhante Luz dos seus ensinamentos…
Sua Regra de Vida foi como «árvore frondosa»
Cujos ramos cresceram sempre verdejantes
E cujos frutos e saberes de alma bondosa
Geraram os mais puros Dons fertilizantes!
Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA