INVERNO DA ALMA

Perdão. Compaixão. Profundidade.

No inverno da alma...

O sol é poente

A visão é surreal

No lusco-fusco

Do dia gelado

A respiração é coordenada

Intensa

Procura levar oxigênio

E aquecer até a ponta dos dedos

As extremidades sentem pontadas

A dor é tão forte

E tão real

Que há certeza da existência

A transformação

Das cores da paisagem

Orienta o movimento

E traz sossego

No amadurecimento

No inverno da alma...

O medo cede ao tremor

Do corpo

Só existe amor

Criando raízes

E o contato com as pedras frias

E os caules secos das árvores

Dão sustentação vertical

Ao corpo que pende

Sobre os pés enrijecidos

A sensação da relva por baixo dos calçados

Segura a atenção

Daquele que aprende a

Autoafirmar-se

Na lágrima que escorre pelo rosto

Sente o calor interno

E a certeza do ser

No inverno da alma…

Os braços abrem

E a brisa congelante

Mostra os pontos cardeais

Às palmas das mãos

Os animais silvestres

Ousam chegar mais perto

A ponto de testemunharem

O enraizamento energético

Daquele indivíduo

No inverno da alma…

Há um riacho chorando suave

No meio da mata

Há conforto em tudo que acolhe

Há liberdade na escolha de viver

Há entrega na experiência de existir

Trezentos e sessenta graus

De flexibilidade

Visionária visão

Transformando em claridade a escuridão

No inverno da alma…

Morte

No inverno da alma…

Vida

Ciclos divinos

Em ascensão.