Alguns
Ando pelas ruas,
Pessoas caminham
meu percurso.
Sou exílio entre
prédios que me soletram
e por isso meu poema
é concreto
e fere como uma travessia.
Fico parado olhando o rio,
as águas pulsando,
rítmicas,
o argênteo reflexo na superfície,
e quando dou por mim
minha idéia é pescada
de súbito
por um pescador embriagado
que sempre quis ver Deus,
mas não sabe nadar.
A poesia,
o tempo ensina,
não rima
nem sai de cima.
A poesia
de rua
não tem rumo
nem rima.
A poesia
não é arrimo
de família.
A poesia,
em suma,
não rima,
só arruína.