Poema Lunar (só pra ter título)
A lua estava branca. Branca como a noite. A noite é o espelho sem fundo da lua. Lua branca como o lençol que me cobre. Que cobre o meu corpo, doce morada da luz. Luz branca, doce luz do luar, corpo do céu.
O tempo se atreve, o tempo se retorce no murmúrio do rio. O tempo descaroça o espaço para nos preencher com o seu vazio. Derramamento. O tempo flutua num lago cheio de peixes multicores. Já não há tempo.
Doce lua, marulhar gostoso. Meu corpo se alivia sob o lençol alvo. Os cabelos da noite dependurados sobre as casas dão à paisagem uma impressão de poesia. Os homens fluem além da carne e ironizam o tempo, tempo que não nasceu ainda, tempo que é.
Vagner Rossi