Clímax Cósmico
Da carne que segue em fogo, uma faísca
Mais alta ilumina a cegueira dos amantes.
Eis todo o êxtase metafísico e instigante
Da energia circulatória do renascer:
Que une em dois corpos distantes
Todos os ciclos cósmicos de amar e morrer.
Da energia circulatória do renascer
Que une em dois corpos distantes.
O tempo e o espaço desfalecem, errantes:
Nas camas, nas praias, no chão, nos mares
O milagre da vida a dois volta e se repete
Em todos os quartos, festas, becos, lugares.
Em todos os quartos, festas, becos, lugares...
O milagre do amor semeia lá uma oração.
Dentro, lá dentro nos gemidos dos amantes
Há promessas, carícias e fogos incessantes
Onde se afogam as lutas silenciosas do coração.
Há promessas, carícias e fogo incessante
Onde pousa e se aninha o pássaro da vida
na linda concha trêmula, úmida e fumegante.
Eles não se olham e as mãos conhecem as feridas
Que se acumularam na intimidade dos instantes.
Não se olham e as mãos reconhecem as feridas
Que foram semeadas nos corpos íntimos e distantes.
Os corpos revoltos, todos em longos silêncios e gritos,
Se fundem e se tornam no refúgio calmo dos aflitos.
Eis todo o sequioso êxtase metafísico e instigante
Que transubstancia o sangue, a centelha e o temor
Na hóstia sagrada e redentora dos amantes em amor!
Acaraú, 05 de junho de 2021