Saber
Fiquei a saber,
que amor é sentimento traiçoeiro,
por isso sempre rima com dor,
escapa entre os dedos sem infinito,
mas continua remoendo o espírito,
como uma cicatriz antiga que dói quando chove...
Fiquei a saber,
que vida é um sopro tão efêmero,
por isso contada nos grãos de areia,
de uma ampulheta de um tempo curto,
sem a eternidade dos contos com finais felizes,
como um dado jogado aleatoriamente num balcão...
Fiquei a saber,
que sonho é uma palavra que se desfaz no vento,
por isso imaginado em memórias amnésicas,
de um dia que nasce e termina em uma repetição,
arranhado pelas agruras dos tropeços no caminhar,
como um equilibrista que não se mantêm sobre a corda...
Fiquei a saber,
que bons morrem jovens não importa a idade,
por isso estações do clima ou de trens seguem seu curso,
de folhas que caem no outono à paradas que nunca chegam,
com paisagens borradas pela velocidade da jornada,
como telas de Monet, entre coloridos e pinceladas sem identidade...