Sinto nascer-me em mim
Sinto nascer-me em mim a nostalgia daquelas velhas viagens,
O perfume noturno das estradas enterradas nas distâncias,
A nublada visão dos quintais olhados na antiga infância,
Vozes tão venturosas varriam as várzeas e os vãos da vida.
Sinto o esplendor de todo o fluir da vida que tive sem tê-la,
Desvendar o implacável horror do quarto em que agonizo,
Tantas tristezas que transbordam das trevas e das estrelas,
que adjuram anistias aos deuses dos amores atuais e antigos!
Cantam pássaros no céu e escuto os passos do caminho velado,
Tento tocar os tambores das tribos de meus sonhos trucidados,
Vede, Cristo, as vísceras vazadas de nossas vidas em vossos vales!
Searas de tantos corpos onde somos semeados como meros grãos;
Clama em mim milhares de choros, cóleras, súplicas, rezas e oração;
Clama-nos chusmas de carpidos nas colinas de cadáveres em vão?