ÓRFÃOS
Órfãos
Na turba dos desvalidos,
Enfermos da alma, perdidos
Entre os mundos, vivem no limbo
Inconscientes, sem abrigo, sem solução.
Julgam viver na eterna solidão,
Nem mesmo as mãos que os alimentam,
E também as lágrimas compartilhadas
Com os membros da família humanitária
Sequer aliviam a dor da perda, da rejeição
Sempre famintos, querendo sugar o seio de mãe
E sedentos de beber os conselhos do pai
Carentes, inconscientes, impõem-se perene orfandade,
Não admitem sequer procurar construção,
Mergulhas cada vez mais nas trevas da desilusão
Choram, gemem, lamentam-se de tanta dor
Sempre em busca de carinho, proteção, amor
Não lhes tenha piedade, carecem apenas de liberdade
Para procurar no âmago de sua espiritualidade
Burilando detalhadamente a individualidade
Buscando a chama da luz da verdade.
Somos todos órfãos, ao fechar os olhos à caridade,
Quando esquecemos que a única felicidade
Só pode ser encontrada nos braços do Pai supremo
Que nos acompanha em todos os momentos.
Somos órfãos por ingratidão, orgulho,
Ainda pequenos, queremos ser grandes,
Somos órfãos por nosso próprio esquecimento
Optamos pelo sofrimento, esquecemos o amor maior
Órfãos que recebem esmolas de pães, sem sustento,
Órfãos nas celas, nos hospitais, nos corações marginais,
Órfãos vitalícios alimentados das lembranças no esquecimento
Órfãos acorrentados a situações vexatórias com inúmeros desdobramentos
Outros que fustigam tantos pequeninos, nada tem para crer,
São mais órfãos em sua pobreza, carentes de essência divinal
Nem sabem direito o que é o fundo do peito doer
E ao aproximar-se o porvir da existência, o morrer
Em suas lembranças desbotadas imaginam a doce mãe em seu querer
Órfãos eternos todos os seres que não extravasam o sentimento
De amor em cada ato, em cada emoção em cada momento
Desvelando os mistérios insondáveis da criação em cada coração.