Nada somos, mas podemos ser!

Não somos mais do que preces e rezas ajoelhadas

Castas entre tantos momentos de sentenças

Ou apenas tristes inclinações de nossos pecados;

Somos flores apenas: silêncios de moradas

Onde o jardim dos nossos temores se perdeu!

Somos grotescos, filhos dos lírios abandonados,

Somos girassóis que o ventou feriu e enlouqueceu,

E assim vivemos como justificados bastardos.

Sonhamos com o bem que há tempos escureceu,

Não, não voltemos ainda o olhar à antiga sepultura,

À casa que entre risos e brumas cada um se perdeu,

Todavia, sobe aquém e além da lenta e agorenta altura,

Onde em sangue cada juramento ou amor se converteu.

Ainda assim, sejamos como sempre são os rochedos,

Serenos e reflexivos ao calor da febre insuspeitada,

Couraça e escudo que sejam erguidos contra os abismos

Desta vida tão vesana, voraz e sistematicamente violada;

Nada somos, mas podemos ser as pedras de nossa estrada!

Acaraú, 07 de maio de 2021

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 07/05/2021
Reeditado em 08/05/2021
Código do texto: T7250462
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.