Vento, Volúpia e Vida
Instante de inebriada calma
Em que a pureza da alma faz
De um corpo sem movimento
Ao dizer ao outro não dizendo:
Deixa-me em eterna Paz.
Vem o vento que não vem e em movimento
A volúpia volúvel de nossas vidas
Vibra em gozo por breves momentos.
Esta dor de ser alma penetrada e esquecida,
Que duvida e inventa distrações e alegrias,
Esta dor da alma que deseja tanto gritar e não grita.
Tantas frustrações entre a vontade e o movimento
Quando os gemidos de prazer se entreabrem e
Quebram os corpos na fome carnal do sentimento.
Sentimento e gozo angustiosamente rápido e lento,
Beijos sôfregos e mãos que vão tateando o corpo aflito
Na mobilidade dos corpos que se rasgam em gritos.
Vão-se os ventos, os amores e os movimentos
Se desfazem bruscamente em desalentos:
A alma enfim suplica por silêncio e calma,
O corpo ainda quer o leite carnal dos tormentos.
“Deixai-me”, pede a alma ao corpo e à sua amada:
“deixa-me descansar desmedidamente no moimento
Ad aeternum do outro amor da Paz conclamada!”