O TEMPO EM PASSATEMPOS

Quem me fala e quem me cala

Não se deixa apanhar

Se não pesco está na praia

Se estou fora está no lar

Sua perna é um trem-bala

Tem mil portas para escapar

Marca encontro, sempre atrasa

Corre para não chegar

Quem me anda e quem me para

Têm a força de um gigante

A memória mais que rara

E a fachada elegante

Se doente sempre sara

Porque nasce a cada instante

Quando fala ao mundo, encara

E acha tudo irrelevante

Quem me prende e quem me solta

Me escreveu, pois nunca leu

Bem-traçadas linhas tortas

De humor negro e choro ateu

No seu fim que te conheço

O seu meio, é o miolo meu

Ele tem a minha cara

Vive em mim e não sou eu

Passo o tempo em passatempos

Cato vento e giro ar

Mato as horas em mim mesmo

Para o tempo me matar

Gê Muniz
Enviado por Gê Muniz em 04/11/2007
Reeditado em 04/11/2007
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