O TEMPO EM PASSATEMPOS
Quem me fala e quem me cala
Não se deixa apanhar
Se não pesco está na praia
Se estou fora está no lar
Sua perna é um trem-bala
Tem mil portas para escapar
Marca encontro, sempre atrasa
Corre para não chegar
Quem me anda e quem me para
Têm a força de um gigante
A memória mais que rara
E a fachada elegante
Se doente sempre sara
Porque nasce a cada instante
Quando fala ao mundo, encara
E acha tudo irrelevante
Quem me prende e quem me solta
Me escreveu, pois nunca leu
Bem-traçadas linhas tortas
De humor negro e choro ateu
No seu fim que te conheço
O seu meio, é o miolo meu
Ele tem a minha cara
Vive em mim e não sou eu
Passo o tempo em passatempos
Cato vento e giro ar
Mato as horas em mim mesmo
Para o tempo me matar