O fulgor do Amor
O trovão que ao céu nublado ensurdeceu
não vou tornar a vê-lo como agora.
Aquela luz de fogueira que sempre ardeu
É o beijo de amor osculado pela tua aurora.
Além desse corpóreo bosque se escondeu
A água fiel ao vento, a onda de outrora,
E nesse céu a imensidão da vida se estendeu,
Sombra que aperta a boca que nos devora.
A lâmina deste nosso amor não distingue
Na ceifa os incompletos e os corações maduros,
Embora nunca seja cega, imprudente ou torta.
Ao cair sobre nós, o fulgor dos raios nos redime:
Os amores mais sujos se tornam belos e puros
E uma chave de felicidade nasce daquela triste porta.
[Meu Amor, choveu e está chovendo bastante
Sobre nossos lábios molhados, enroscados e flamejantes!