Um poema ao nada
O nada nada nu no mar vazio,
qual ondas de areia no deserto,
que se movem ao vento, em rumo incerto,
por sob a imensidão do céu de estio.
O nada nada torto como um rio,
que corre, do adeus para a saudade,
levando um coração pela metade
e um pranto que, enfim, saiu do cio.
O nada não é nada e, no entanto,
é mais do que intenta um só pranto
nos olhos de um homem sem paixão.
E um homem sem paixão não tem presente.
Embora durma e sonhe como gente,
a vida lhe será um sonho em vão.
Um sonho pecador e penitente,
como alma doente em corpo são.