BORBOLETA NO MANGUEIRÃO

Abra o fole de tuas asas

negro-vermelhas

dulcíssima borboleta;

nelas, cada veio seco

suspende meus ares

Seriam patas esses longos cílios

ou aéreos pêndulos apenas finos?

Voe sobre o jardim cercado

amplo mangueirão, átrio de barro

que se abre largo para porcos

e homens em dura redenção

Teu pouso inesperado

fere casulos

e torna irmão toda criatura

Arma teu fole vivo

de cor ressurreta,

não respiro indeciso

e nesta antessala espero

do ruflar de tuas asas

o compasso que nos eleve

*

Baltazar Gonçalves

do livro Tecido na papelaria, Penalux 2019

Baltazar Gonçalves
Enviado por Baltazar Gonçalves em 03/02/2021
Código do texto: T7175281
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