Última metáfora
Bateu-me à porta, torta e sorridente,
empunhando uma foice, velha e suja,
a famosa megera, a dita cuja,
que nos traz o futuro permanente.
E bateu outra vez e, novamente…
e mais uma, mais duas… na terceira,
escolhi uma tora de madeira
e me pus a fitá-la frente a frente.
A distinta senhora então me disse:
há momentos, poeta, na velhice,
já previstos durante a criação,
que a matéria precisa repousar.
E se foi, sem dar bolas pro azar,
como fosse andorinha no verão.
Me deixou duas contas pra pagar
uma em nome de Deus, outra do cão.