Diante do Cemitério
Em um dia nublado
E de profunda tristeza
Envolto pela chuva fina
E um sobretudo preto
Peguei-me diante do cemitério
Em meu âmago
Uma sensação diferente
Chamava-me
Fiquei em dúvida por alguns instantes
Até que dei o primeiro passo
Na direção do portão
E tão logo adentrei em meio às lápides
Senti uma presença mais triste do que a minha
E diante da grande cruz
Um espírito sem cabeça
Estendeu seus braços em minha direção
E embora decaptado
Eu podia ouvir a voz que emanava daquele corpo:
"Onde está a minha cabeça?
Eu preciso dela para descansar"
A voz insana petrificou minha alma
E ainda atordoado com o fato
Eu não sabia o que responder ou mesmo fazer
Foi quando algo em meu âmago
Levou-me a ajoelhar-me diante da atormentada alma
E inspirou-me a dizer:
"Preserve o seu coração
Alma amiga
Pois a cabeça
Nem sempre é o mais importante"
E neste instante
Uma luz amarela
Envolveu a alma perdida
E a levou para o alto do céu
Fiquei embasbacado com a visão que tive
E estranhamente notei
Que toda tristeza
Em meu âmago
Sumiu