Deus
"Tudo aquilo que a gente sempre quis passava pelo coletivo.
Queríamos uma vida menos covarde de mais luta e comprometimento,
queríamos sentir as palavras verdadeiramente
e não apenas escutá-las em eco vão disperso no vácuo do universo.
Precisávamos ir a fundo às questões mais casca grossa que surgiam,
não bastava se calar ou falar por falar,
de nada adiantaria se tornar mudo propositalmente
ou se tornar um maldito falastrão inconsequente.
Precisávamos de hombridade e de pessoas audazes, corajosas e resilientes.
Víamos a sociedade em transe, dispersa em meio ao caos e tudo isso,
era como uma consubstanciação de sua fé enganada, usurpada por larápios
e espertalhões que se diziam procuradores da salvação da alma.
Mas, calma! Vamos com calma! Por favor!
Consubstanciado na unidade divina que estabeleceu para si,
na união com a divindade que o faz correr, morrer, sorrir...
Moveu-se de dentro pra fora escancarando ao mundo o âmago de seu ser.
Mostrou a nudez de seu coração como nunca ninguém o fez,
aproximando-se um pouco mais de Deus.
Forças da natureza, Allah, Buda, Energia vital que move todas as coisas...
Entendam como quiser!
Provocar mobilização a partir do que te move e mover o mundo,
como se a única coisa que lhe seja incumbência passe por se por no lugar do outro,
entendendo que aos poucos, até o outro é parte indivisível de você mesmo,
portanto, matéria indissociável da partícula mãe(pai) que originou tudo no mundo.
É como se tudo pudesse ser entendido como algo único,
e esta unidade coletiva a busca maior
que todos nós temos por missão ou por karma.
Tudo aquilo que a gente sempre buscou na busca vaga de uma vida inteira.
Aquela dor inalcançável dos joelhos nos dias frios
que simplesmente desaparece feito milagre
quando o sol aparece no céu
e as árvores se enchem de brilho.
Todos aqueles terremotos que nos destroem às vezes
e que de certa forma se tornam bons
e nos mostram que ocorreram para acomodar as coisas,
dando ao nosso destino novo rumo e às nossas vidas um sentido diferente.
É o amor compartilhado com todos sem pedir contrapartida,
aquele amor que acalma, que acolhe, que enche a barriga, afaga e escolhe,
mas não segrega nem discrimina.
É o amor cego de vó que abraça o mundo e torna as unidades dispersas um grande coletivo".