O choro
A máquina do tempo rouco e louco cobra-me...
O ponteiro do relógio parecia-me um velório, da morte...
Cobra a mim e a todos a automatização
Sem tempo para a emoção nem o coração...
Todos em um tempo mecanizado
Do relógio sarcástico atrasado.
O choro que meu coração não conseguiu definir
N'alma sinto um profundo ferir!
Lembro do relógio a cobrar-me,
Olho ao redor na intenção louca e apavorante!
Quem mais vê! O que meu olhar presencia?
Uma pronúncia somente minha, crua e nua...
Não consigo compreender Deus!
O que meu olhar perplexo chora,
Numa lágrima presa pela pressa rouca e louca do tempo
Não soube definir se aquele choro fora da fome gritante
Ou, tantos outros gritos, dos quais quis eu também gritar.