Sombras de sonhos

Sim, o que não é sonho nesta vida,

Para quem não se liberta do passado?

E o que vale a vida se não o êxtase criado

Do minuto em que se ouve a estranha voz

De um alto olhar descendo sobre nós?

Ó! A percepção dos mundos invisíveis,

Aura, vertigens das almas prisioneiras e insensíveis

Às formas que fenecem_ oásis dos videntes,

Deserto onde o amor se desfaz violentamente.

Vem! Espalha sobre mim o teu eterno fluido

E o ópio da tua nostalgia. Poente lânguido,

me livra das brancas sepulturas das cidades

Onde os homens arrastam sinistras amabilidades.

Quando o relógio fixar a hora extrema do não-sentir,

Abre as portas que vedam teus domínios selados,

Rompe o cadeado do castigo e deixa-me partir

Para o país dos jardins perdidos e alucinados.

Cinza dos meus dias_ ó longa agônica espera

À margem destas ânsias sufocadas,

Desejo ébrio que não adormece estas minhas feras!

Não quero do sol que morre sobre as pedras

Criar a minha sozinha soma do infinito!

Quero derramar-me em cálices de gritos,

Quero sofrer além das tribos da esperança,

De frente aos mistérios em todas as andanças,

Sentindo que a poesia, voz do inaudito sonho,

É a memória daquele outro mundo dantes risonho!

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 21/11/2020
Código do texto: T7117349
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.