Entre dois desesperos
Não me deixe no barulho de lá fora
Não me deixe no silêncio de aqui dentro
Não me deixe com todos os outros
E não me deixe só
O barulho lá fora me assusta
O silencio aqui dentro me consome
As muitas vozes nada dizem
E o silêncio diz o que não devo ouvir.
Escuto todos os dias
O clamor interior e exterior
E ambos me dizem tão pouco
O brilho da estrela que cai
E daí para sempre se esvai
Não há mais brilho por todo tempo
De agora ao fim dos eventos.
Brilho ainda não haverá
Quando a última gota do oceano secar
Trevas eternas exteriores
Para os que viveram em trevas interiores
Por tanto tempo fugi de Ti
Silencie a voz que chamava
Extingui a chama que brotava
Andei só em meio à multidão
Gritei em silêncio
E silenciei nos gritos
E nada foi ouvido
Mas Tu estavas lá
Mesmo quando não havia palavra
Mesmo quando eu caia na estrada
O frio congelava meus pés no inverno
O calor queimava minhas mãos no verão
E tudo estava perdido
E eu estava despido
Seguia por um rio sem vida
As águas eram cinzas