Entre dois desesperos

Não me deixe no barulho de lá fora

Não me deixe no silêncio de aqui dentro

Não me deixe com todos os outros

E não me deixe só

O barulho lá fora me assusta

O silencio aqui dentro me consome

As muitas vozes nada dizem

E o silêncio diz o que não devo ouvir.

Escuto todos os dias

O clamor interior e exterior

E ambos me dizem tão pouco

O brilho da estrela que cai

E daí para sempre se esvai

Não há mais brilho por todo tempo

De agora ao fim dos eventos.

Brilho ainda não haverá

Quando a última gota do oceano secar

Trevas eternas exteriores

Para os que viveram em trevas interiores

Por tanto tempo fugi de Ti

Silencie a voz que chamava

Extingui a chama que brotava

Andei só em meio à multidão

Gritei em silêncio

E silenciei nos gritos

E nada foi ouvido

Mas Tu estavas lá

Mesmo quando não havia palavra

Mesmo quando eu caia na estrada

O frio congelava meus pés no inverno

O calor queimava minhas mãos no verão

E tudo estava perdido

E eu estava despido

Seguia por um rio sem vida

As águas eram cinzas

R R Vieira
Enviado por R R Vieira em 13/11/2020
Reeditado em 26/10/2021
Código do texto: T7111102
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