NA MONTANHA CREPUSCULAR
Adormeceu o sol na montanha crepuscular
depois de arder em dia claro e dourado,
nas pinturas diluídas do céu cor de âmbar
a embriaguez do universo à espera do versado.
A lua branquíssima inatingível e bela,
na linha azul da atmosfera a rutilar
ah, espessa noite de paixão e sentinela
eu me confronto com os mistérios do sonhar.
Minha alma poética sedenta de inspirações
à procura de sóis que nunca se põem
existirá esse vasto lugar de aparições,
quando a esfera se rebela e ao banal se contrapõe.
Sob o céu gélido da madrugada imaculada,
idealizo lívidos infinitos com trêmulas rosas,
nessa efêmera noturna e indecifrável jornada
o tempo se cristaliza em mutação vertiginosa.