DISCURSO ESTRELAR
 
Estrela, conte-me um segredo,
você que tudo vê, escuta e sente.
Conte-me os segredos mais intensos,
guardados a sete chaves,
a sete ventos, a sete pecados...
Conte-me tudo que se esconde de mim.
Diga-me as entrelinhas...
O contexto encoberto, o discurso escondido,
o enunciado não dito e o sentimento trancado.
Conte-me em sonho, talvez,
em flashs, em gestos - em línguas.
Mostre-me e deixe-me
entender que é fato e verdadeiro.
Eu conto cem carneirinhos, se preciso.
Aprendo a ter paciência,
a esperar, aceitar, desistir,
perder e esquecer, se necessário,
mas revele-me se o que pressinto
é intuição ou invenção.
E se não puder revelar-me,
deixe escapar, assim, de repente,
deixe demonstrar, assim, de relance,
deixe-me perceber, assim, de alguma forma...
O que há por detrás do olhar, sorriso,
gesto, movimento, impulso, abraço, braços...
E das palavras não ditas – do silêncio.
Demonstre-me se o que sinto é
genuína e individualmente meu.
E se este sentimento deve ser interrompido,
cessado, concluído e encerrado.
Pois, se assim tiver de ser, será.
Farei ser e será bem feito!
Renovo, reinvento, ressurjo, revigoro e renasço.
Jogo tudo fora – deleto: clean up.
Troco a roupa, a pele, a face – a casca;
mas, conte-me estrela: será necessário.           
                                                                                       Audrei Marsan
                                  25/09/2010

 
AUDREI MARSAN
Enviado por AUDREI MARSAN em 30/08/2020
Código do texto: T7050519
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