CONFESSO
CONFESSO
Confesso ter me tornado um escritor chato, confesso, menos poeta e menos poético eu acho
Compondo mais temas tensos e sérios, sem abstrato ou mistérios
Às vezes sinto falta do lirismo, da metáfora, da esperança sem o se
Do brilho sobre toda apatia, dos versos nas entrelinhas. Da crua essência da poesia.
Enveredado pelas ruas do pensamento, sem pessimismo, mas com crítico discernimento, minha viagem não tão prazerosa
Quando foi que pra trás deixei, sem perceber, o brio do verso, o viço da prosa?
Não deixei, apenas involuntariamente algo se modificou
Como tudo que dentro do meu peito se forma
Revolto-me apenas com aquele que não se revolta
Olhemos bem à nossa volta
A realidade coloca todos à prova e pra olhar pro céu e vê-lo sempre azul, é necessário compor um mundo novo e sem usar do passado um esboço
Acreditar que apenas a poesia ainda é capaz de nos transportar para outras galáxias, nos livrar da perturbação, arrancando os pés do chão