Pedaços de uma vida

Quando os trovões soam

E o canto cessa

A lua se esconde sobre a nuvem de tempestade

Se distancia o Sol na meia noite.

O vento leva as folhas

Que caíram no último inverno

E secavam sobre as urtigas

Plantadas no último verão

Pelas nossas mãos

Que agora vazias

Que agora sombrias

Não plantam mais.

Mas as sementes foram lançadas

E frutificam as duas da madrugada

Na noite escura da alma

Tu és minha única calma

Quando as ondas escondem o barco

E o tornado alcança o lago.

Quanto o porto naufraga

Levando os barcos.

No lugar mais obscuro

Tu és o refúgio seguro

Sou incapaz de no meu melhor dia

Amar-te como deveria

Quando a folha seca encontra encontra a chama

Acendida na última primavera

E o outono se torna vermelho

A chama alcança a câmara

Onde estavam os ovos das serpentes

E fogo consome o Porto

Onde embarcavam a escarlate

Que alimentava Roma

Dos que partem da daqui pra lá

Muitos vão sem um lugar

Muitos caem no caminho

E não levantam quando sozinhos

Muitos perdem a razão

E não encontram a direção

Muitos choram

E poucos oram

No dia que antecede o último

Estamos todos nós

E ainda assim, muitos recusam ouvir a voz

Os que partem com os ouvidos fechados para o reino posterior

Abrem as bocas para clamar improperios sem pudor

As portas foram abertas para receber os que se trancaram no reino das sombras

Mas há um lugar para nós guardado

Mais distante que último Prado

Ha um dia reservado

Para a música que nos será dada,

Para as dores nos serem arrancadas.

Só então cantaremos a melodia dos tempos

Imemoráveis, infindáveis, insondáveis

Veremos os olhos de fogo

Sob o som de muitas águas

Ouviremos a primeira melodia cantada

Pelo Primeiro homem na última estrada

R R Vieira
Enviado por R R Vieira em 06/08/2020
Reeditado em 23/08/2020
Código do texto: T7027512
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