Ventos Eternos da Paixão
Teus lindos olhos castanhos são a aurora
Onde a tua luz matinal e noturna dentro de mim mora.
Você me olha quando ainda estou dormindo,
Eu abro os olhos e teus olhos estão me sorrindo.
Busco falar, mas teus lábios me silenciam com um beijo:
Te beijar, meu amor, é encontrar força onde eu fraquejo.
Acaricio o teu rosto a fim de comprovar a tua realidade,
Então fechas meus olhos e me dizes: “Eu sou a tua verdade”.
O vento nas flores, o sol visto da janela,
Meu Deus! Como és linda, como és bela!
A doçura de tua voz é minha canção singela,
Afogar-me em teus abraços é minha livre cela,
Na maciez de teu peito, eu reclino este meu sempiterno cansaço,
Sempre bebo as tuas palavras e o teu amor na fonte de teus regaços,
Incendiando com a pureza e a fome do nosso amor os lençóis e a cama,
Os corpos enroscados e sedentos um pelo outro pelo fogo de quem ama.
Alisar os teus cabelos lisos, enlaçar na minha a tua delgada cintura...
Perder-me sempre na embriaguez dos teus gemidos e na tua ternura,
Dois corações distintos e pela solidão, amizade e desejo entrelaçados:
Nosso cálice transborda o vinho e o sangue dos amigos apaixonados!
Você se senta à mesa e eu preparo o teu café fumegante,
Te ver me olhando arrebata, alegra e aproxima o meu ser distante;
Pois até no deserto eu encontro a cisterna de teu solstício,
E no teu coração batem as águas na rocha mares de autossacrifícios.
Vede as lágrimas da raposa ao fitar a partida de seu grande amigo,
Vede a tristeza alegre do aviador que encontrou sua criança interior,
O Amor é uma linda criança cheia de perguntas, surpresas e risos,
O Amor é uma efêmera flor que precisa de luz, água, tempo e amor
por todos aqueles e aquelas de quem se tornam livremente cativos.
Rir, no sereno seio do teu riso, rosas abertas de esperanças;
Amar dentro do mar esse teu olhar elevado de sereia e criança,
Emergir, de tua alma, intensas carícias e suaves cirandas;
Navegar nos rios de tua pele as jangadas de nossas loucuras brandas,
Acordar e viver sempre os ventos desta nossa paixão pura e nefanda.
Acaraú, 18 de julho de 2020